20 de maio de 2010

Situação em Portugal

Em Portugal, a introdução dos Cuidados Paliativos é bastante mais tardia, que no resto da Europa e, pouco se encontra escrito sobre a História dos Cuidados Paliativos em Portugal.


As primeiras iniciativas surgiram apenas durante a década de noventa, do século XX.

  • Em 1992 prestou-se o primeiro serviço de Cuidados Paliativos, na Unidade de Tratamento da Dor Crónica do Hospital do Fundão (Centro Hospitalar Cova da Beira)

  • Surgiram serviços destinados a doentes oncológicos nos Institutos do Cancro do Porto e de Coimbra

  • A primeira unidade de Cuidados Paliativos surgiu em 17 de Outubro de 1994, no Centro do Porto do Instituto Português de Oncologia (IPO)

  • Foi fundada a Associação Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP)

  • Em 25 de Maio de 1996 inauguraram-se as instalações definitivas da de Cuidados Paliativos do Centro do Porto do IPO, ocupando o espaço construído pela Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do Norte

  • Ainda em 1996, a primeira equipa domiciliária de Cuidados Continuados do Centro de Saúde de Odivelas iniciou a sua actividade

  • Em Dezembro 1996, existiam duas equipas dos Centros de Saúde de Odivelas e da Reboleira a exercer a prática de Cuidados Paliativos

  • Em 2004 foi redigido um Programa Nacional de Cuidados Paliativos

  • Em Outubro de 2005, contavam-se sete unidades a prestar Cuidados Paliativos em Portugal: a Unidade de Cuidados Continuados do IPO do Porto, o Serviço de Medicina Paliativa do Hospital do Fundão, o Serviço de Medicina Interna e Cuidados Paliativos do IPO de Coimbra, a Equipa de Cuidados Continuados do Centro de Saúde de Odivelas, a Santa Casa da Misericórdia da Amadora, a Santa Casa da Misericórdia de Azeitão e a equipa de suporte em Cuidados Paliativos do Hospital de S. João do Porto

  • Em 2006 foi criada a Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados (RNCCI)

  • Até ao ano de 2008 existiam dezoito equipas em funcionamento de Cuidados Paliativos

  • Em 2008, existiam em Portugal, cerca de oitenta camas de Cuidados Paliativos para uma população de 10 milhões de habitantes

  • Actualmente, já existem mais duas equipas de Cuidados Paliativos: a Equipa de Suporte em Cuidados Paliativos da Unidade Local de Saúde Matosinhos e a Equipa de Suporte Intra-Hospitalar de Cuidados Paliativos do HESE, Évora.

Os primeiros "Hospices"

O primeiro “hospice” fundado especificamente para os moribundos foi provavelmente o de Lyon (França), em 1842.
Na Grã-Bretanha surgiu em 1905, o St. Joseph Hospice em Hackney, fundado pelas Irmãs Irlandesas da Caridade. A sua fundadora, Madre Mary Akenhead, também já tinha fundado em Dublin, em 1846, uma casa para alojar pacientes em fase terminal (Our Lady’s Hospice). Durante este mesmo período, foram abertos em Londres outros “hospices”, entre eles: St. Columba (1885) e St. Lukes (1893).
Em 1967, a enfermeira inglesa Cicely Saunders, inconformada com o sofrimento físico, psicológico, espiritual, familiar, social e económico destas pessoas, encarregou-se de cuidar dos mesmos, aliviando os seus sofrimentos, e fundou o St. Christopher Hospice, em Londres, que teve como primeira prioridade o controlo da dor e do sofrimento. A determinação e o esforço de Cicely foram aclamados, ao conseguir aliviar o sofrimento e dignificar o final de vida de seus doentes.

Cicely Saunders

St. Christopher Hospice, Londres


Alguns anos depois, com a epidemia do HIV, os desenvolvimentos técnicos no combate a doenças degenerativas, assim como às dores e sintomas destas patologias, outros “hospices” e serviços de atendimento domiciliar foram fundados.
A partir da década de 1970, os serviços de Cuidados Paliativos foram implementados em diversos países, como Canadá, França, Argentina, Itália, Austrália, Brasil, entre outros.

Os Cuidados Paliativos surgiram tanto como resultante de transformações sociais das relações com a morte e o morrer, como de transformações internas no meio médico. Surgiu, assim, um novo modelo de assistência que se baseia numa produção colectiva, fortemente vinculada às condições históricas, institucionais e ideológicas vigentes nos séculos XIX e XX.
Desde 1967 até aos nossos dias, a quantidade de unidades em todo o Mundo tem crescido significativamente:

  • 1967 - 10/12 unidades em Inglaterra;
  • 1987 - 1.500 a 2.000 unidades;
  • 1993 - cerca de 3.000 unidades;
  • 1996 - cerca de 3.500 a 4.000 unidades e equipas no Mundo.

Actualmente o cenário dos Cuidados Paliativos desenvolve-se em:

  • Unidades de Cuidados Paliativos;
  • Serviços Hospitalares;
  • Serviços Domiciliários;
  • Equipas de apoio aos Hospitais gerais.

Hoje existem 470 hospices na Inglaterra. Nos Estados Unidos, o número ultrapassa os 5.000. Na Europa, Canadá, Austrália e Japão, estão em contínua expansão.

A História dos Cuidados Paliativos




Sempre existiu uma tradição de assistência aos doentes moribundos, com raízes muito antigas, tal como se pode verificar em documentos e textos publicados no passado.

Já na Idade Média e, com as peregrinações dos cristãos aos lugares sagrados, as pessoas deslocavam-se longas distâncias, sentindo-se cansadas, adoecendo, passando fome, sendo maltratadas e assaltadas. Eram então recolhidos numas casas denominadas hospices (que significa abrigo, refúgio, protecção), fundadas e dirigidas por religiosos cristãos no século IV. Aí os viajantes ficavam o tempo suficiente para recuperar e, só então, reiniciavam a caminhada.


Até o século XVIII, o hospital era uma instituição de assistência aos pobres, administrada por religiosos, mas com poucas semelhanças com a actual medicina hospitalar. Com a introdução de mecanismos disciplinares e de procedimentos de acção nestes espaços, foi possível torná-los instrumentos e meios terapêuticos para os doentes.


Já no século XX, particularmente após a Segunda Guerra Mundial, houve um grande avanço científico nos campos médico-cirúrgico, farmacêutico e na tecnologia de diagnóstico e apoio, ao qual se aliou, o exercer medicina progressivamente de forma mais impessoal.


O esforço para prolongar a vida por meios artificiais tornou-se uma obsessão científica, e a mente e espírito do ser humano foi ignorada, dando-se maior importância ao corpo. Na avaliação dos resultados terapêuticos de doenças crónicas e fatais, passou-se a valorizar o ‘sobreviver’ mais do que o ‘viver’, isto é, a qualidade de vida.

 
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